sábado, 1 de dezembro de 2018




diário dos vivos [fragmento]

XIX.

bingo! mais uma! assim você vai acabar com todas as moscas do meu bar, homem! quando estava sozinho na birosca, esse era um dos meus passatempos favoritos. sossega! essa tua birosca tem tanta mosca que não haveria copos no mundo para capturá-las. foi um treinamento de anos, na verdade. saber a hora exata de emborcar o copo. há muita física e matemática envolvidas nisso. um pouco de aerodinâmica e de esperteza também: tem que deixar uns respingos de pinga cair sobre a mesa. não sei se moscas sentem o efeito do álcool, mas desde que comecei a me esmerar na captura delas, essa tem sido parte da minha tática. aproveitar o momento em que a mosca, estaria tonta?, abaixa a guarda. talvez esteja pensando na vida, na carniça em que se refastelou mais cedo. seja o que for, pensamento ou tontura, essa é a hora. e então tem-se a mosca presa sob um domo. ela não se debate como os outros bichos quando cativos. faz, no máximo, voar de uma parede a outra do copo nos primeiros minutos. depois, dá-se conta de que está presa e relaxa. talvez, em sua experiência de mosca, ela saiba que uma hora ou outra o copo será levantado. ou alguma outra mosca já lhe tenha contado que, nesta birosca, um velho sádico as prenda sob um copo por alguns instantes. vai saber o que as moscas andam conversando.

Para ler o restante, adquira o livro Diário dos vivos e outros escritos, publicado pela Editora Penalux, set. 2019, no site a seguir:

https://www.editorapenalux.com.br/loja/contos/diario-dos-vivos-e-outros-escritos


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