diário dos vivos [fragmento]
XV.
de que serve ter o
mapa, se o fim está traçado? a descoberta da doença não trouxe muitas
certezas, além da óbvia. trouxe porém os de casa, que me rodeiam sem aqui
estarem, pois não os vejo. ou eles que não me veem. há um muro que sempre ergui
entre mim e os que se preocupam comigo. e dele sempre me orgulhei. e por ele
tenho empenhado meus afastamentos. tenho construído enredos de uma morte. morro
quando, por medo, deixo partir quem amo. morro quando, por inabilidade, não
consigo dizer o meu amor a quem amo. morro quando confundo essas duas mortes e
não sei qual delas primeiro me matou. de qualquer forma, meu fim está traçado. e
não sei se dele me orgulho agora. por isso a birosca e os poucos amigos que lá
encontro. no fundo do copo, inventamos alguma vida.
Para ler o restante, adquira o livro Diário dos vivos e outros escritos, publicado pela Editora Penalux, set. 2019, no site a seguir:
https://www.editorapenalux.com.br/loja/contos/diario-dos-vivos-e-outros-escritos
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