diário dos vivos [fragmento]
II.
o homem no rádio falou que o mundo acabava essa madrugada.
seria agora ou nunca mais. os de casa estavam em polvorosa, como baratas. vesti
uma roupa e saí de fininho. quase no portão, ouço a voz desesperada: tio, vai
aonde? vou na vendinha do joaquim, não conte a ninguém que me viu sair. mas o
mundo vai acabar, tio. deixa de doideira e volta pra casa. dei de ombros.
precisava falar com ela. seria agora ou nunca mais. na estrada, sinais de que o
mundo de fato ia acabar: um sujeito quase surrava seu cavalo para que este o
tirasse dali o mais rápido possível. pobre cavalo! apanhava sem saber que
talvez seria a última surra que tomava. virando a esquina, uma moça recolhia a
roupa do varal. acenei pra ela. ainda tá molhada, mas a gente seca a ferro, vai
saber. sorri e acenei de novo pra ela, que desta vez retribuiu o aceno. mais
dez minutos de estrada, estava na vendinha. precisava falar com ela. seria
agora ou nunca mais.
Para ler o restante, adquira o livro Diário dos vivos e outros escritos, publicado pela Editora Penalux, set. 2019, no site a seguir:
https://www.editorapenalux.com.br/loja/contos/diario-dos-vivos-e-outros-escritos
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