diário dos vivos [fragmento]
VIII.
era uma dor nas costas, nas pernas, na boca do estômago e um
cansaço. espinhela caída, diagnosticaram os de casa. manda chamar dona mocinha.
dona mocinha era a pessoa mis velha da cidade, devia beirar já os noventa e
cinco anos. já fora parteira tempos atrás, mas com a chegada do progresso,
médicos e posto de saúde, relegaram-na à mera função de benzedeira. o padre
torcia o nariz pra ela, os crentes da igreja do pastor também. mas dona mocinha
e sua figura curvada ainda exercia forte influência entre os moradores mais
antigos. dona mocinha tinha uma família vasta espalhada pela cidade: vários
irmãos e irmãs, muitos sobrinhos e sobrinhos-netos. nem um único filho de que
se tenha notícia. dona mocinha jurava virgindade beijando o crucifixo que
trazia ao peito, cada vez que duvidavam de seus noventa e cinco anos de
castidade. foi uma promessa, dizia. a forma de cumprir a promessa, no entanto,
era bem singular. ela decidira, há anos, não só manter o cabaço intacto, mas
que, a partir daquele dia, iria de casa em casa da cidade, com uma panelinha em
mãos, pedir canjica a cada quinta-feira santa.
Para ler o restante, adquira o livro Diário dos vivos e outros escritos, publicado pela Editora Penalux, set. 2019, no site a seguir:
https://www.editorapenalux.com.br/loja/contos/diario-dos-vivos-e-outros-escritos
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